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Rüdiger: "Nesses dias percebi que isto não é uma piada e que perder não é uma opção..."



Em longa entrevista ao Marca, o zagueiro alemão abriu o jogo sobre a vida em Madrid, o respeito por Ancelotti, as expectativas para as quartas de final de Champions contra seu ex-clube, se rendeu à mística do Real Madrid na competição e mais. Confira:



Você sempre está sorridente?

Fora de campo é possível que sim, não tenho motivos para não estar. Meu lema na vida é humildade e normalidade, é o que meus pais me ensinaram desde pequeno. Sou um privilegiado porque tenho uma boa vida e por isso gosto de devolver à comunidade muito daquilo que o futebol me dá. Cresci num contexto diferente ao que tenho agora, mas a verdadeira riqueza está em outras coisas. Para mim a família é o mais importante.



Ritual do Ramadã muda muito a rotina de um jogador?

Para mim, não. Estou acostumado. Não como, nem bebo nada - cumpro [o Ramadã] à risca. Não é fácil, mas você treina, pensa como está e o continua fazendo. Minha mentalidade é uma das minhas principais armas. Cumprir com o Ramadã não é um problema para mim.



Precisou conversar com Ancelotti ou Pintus para desenvolver algum protocolo específico?

Falo com o nutricionista, que é o mais importante. Saber o que devo comer, quanto devo beber... Se eu falar com Pintus, vai me colocar para correr e vou obedecê-lo, então melhor conversar com o nutricionista (risos).



Sua vida em Madrid?

Muito boa, honestamente. Estou feliz na Espanha, com as pessoas, a cultura, o jeito de levar a vida... As pessoas são muito amáveis e acolhedores. Se você quer ficar sozinho em público também pode - vai a um restaurante e não é agonizante, as pessoas não se jogam em cima de você... Existe respeito. E com meu clube, meus companheiros, o staff... Tudo é perfeito.



Percebeu como as pessoas gostam de você?

Claro, não sei porque me odiariam... Sou uma pessoa positiva e é verdade que, embora às vezes jogue mal, as pessoas valorizam que dou tudo de mim em campo e faço tudo pelo escudo. E isso nunca vai mudar.



Análise da temporada

Na Liga precisamos seguir, mas já não está na nosso controle. O resto vai bem - estamos na final de Copa após uma remontada espetacular no Camp Nou e a Champions, claro, é o grande objetivo. Já estamos nas quartas de final...



0-4 no Camp Nou

Foi um jogaço. Todos os jogadores foram espetaculares e logo aflorou esse caráter competitivo do Madrid em dias importantes. Fico muito feliz por Kroos, porque depois de quase dez anos [em Madrid] ele sempre me diz que ainda não conquistou a Copa... Vamos ver se podemos vencer a final!



Eliminatória contra o Chelsea

O Chelsea mudou muito e realmente não sei o que esperar... Não se parece muito a equipe em que eu jogava. Espero qualidade, porque são jogadores muito bons, mas não sei o que mais podemos nos deparar. Não será um jogo fácil, mas somos o Real Madrid.



Preferia outro rival?

Não me importa muito, e menos ainda a esta altura da competição. Teria sido uma grande história encontrar o Chelsea na final, claro, mas em campo para mim não há emoções e penso apenas em vencer. Estamos nas quartas de final e tudo pode acontecer. O melhor é que, estando no Madrid, sabemos como jogar este tipo de jogos.



Ano passado você marcou no Bernabéu, agora é hora de marcar no Stamford Bridge...

Faz sentido, tentarei fazer o meu melhor. Mas esse trabalho é para Benzema, Vinicius e Rodrygo. O meu trabalho é defender.



É mais difícil defender no Madrid do que em outras equipes?

Sim, honestamente, é verdade. Aqui não se defende como em outras equipes, então você deve ter bem claro seu papel na equipe. E eu sei o meu. E não tenho nada do que me queixar nesse sentido. Como vou me queixar se o clube teve êxito ano após ano! Eu entro em campo e faço meu trabalho.



Aprendeu muito desde o início da temporada?

É preciso. Ainda mais no Madrid, você precisa aprender muito rápido. Na vida é preciso se adaptar às circunstâncias e compreender as coisas. E eu entendi muitas coisas aqui e, desde então, me sinto muito mais confortável na equipe.



Como você é em casa?

Assisto futebol, mas não muito... Prefiro passar mais tempo com minha mulher e meus filhos, porque aqui a pressão é diferente, sabe? Então é melhor manter um pouco de distância do futebol quando estou em casa e focar em outras coisas. No Real Madrid, há pressão até quando você sobe no carro para ir até Valdebebas (risos). Mas é algo positivo, porque gosto de ter esse tipo de pressão na minha vida, não gostaria de viver sem ela.



Então a pressão no Madrid não é um mito...

Está claro que não. E por isso sua história. O Madrid não é para qualquer jogador e eu tento estar ali. Quero passar muito tempo aqui.



Quando você se deu conta dessa pressão?

É algo que você já sabe, mas me dei conta de verdade quando perdemos para o Barça na Supercopa. Inclusive um pouco antes, contra o Villarreal. Nesses dias percebi que isto não é uma piada e que perder não é uma opção. O que costumo dizer é que na maioria das vezes você ganha e em outras vezes, aprende.



Imagine como deve ser estar na pele de Ancelotti...

Não gostaria de estar em seu lugar, mas para mim o que ele está fazendo é incrível. Apenas posso demonstrar meu respeito por ele, sem mais. Ancelotti é o melhor, vem de uma geração completamente diferente da nossa e continua treinando desse jeito... Seria incrível repetir o que fizeram a temporada passada na Champions.



Favorável à permanência de Ancelotti?

Sim, com certeza. É uma decisão de outras pessoas, mas se finalmente decidem seguir com Ancelotti, vamos com Ancelotti!



Ambiente de Champions no Bernabéu

Muda completamente, é algo que ainda não me acostumei. Mas o alucinante é que, para meus companheiros é algo normal, como um dia mais de trabalho. Para mim é impressionante. E a torcida também se transforma fora de casa, em Anfield [vs Liverpool] não paramos de escutá-los... E olha, quando joguei em Anfield pelo Chelsea no ano passado... É um estádio que intimida.



Sabe cantar o hino de La Décima?

Ainda não, mas tento. A parte de 'Madrid, hala Madrid' sim, porque meus filhos adoram. Se eles se dão conta de que jogo no Madrid? O mais velho acredito que sim. Quando chego em casa com bolsas do Madrid, ele começa a cantar e gritar "Madrid! Madrid!". No estádio, fica louco com o hino (risos).



Otimismo para a Champions

Se você assistir o jogo vs Liverpool [em Anfield], nosso melhor momento chegou quando os veteranos pediram 'calma'. Eles sabem como fazê-lo. Cada um tem seu papel e eu conheço bem o meu. Minha missão é lutar e fazer a vida deles mais fácil. Também falo, claro que falo. Mas no Madrid você não é um líder apenas por falar. Olhe para Karim, ele não é o que mais fala. Modric e Kroos também não. Quem sou eu, então, para chegar e começar a falar sem parar! Sou um privilegiado por jogar para Benzema, Modric e Kroos. É simples.



São estes os jogadores que têm tudo sob controle?

Sim. Contra o Liverpool conheci de verdade o que é o Madrid, a Champions e as remontadas. É uma loucura, chega a dar medo. Quando perdíamos por 2-0, podíamos ver o medo na cara deles, havia alguma coisa que não era normal... E fizemos 2-1, 2-2 e então... Estava claro que venceríamos. Nos grandes jogos se percebe a diferença. O melhor é que Vinícius está crescendo com essa mentalidade e já faz a diferença.



E também há um grande goleiro...

Courtois, claro. O que ele defende é ridículo. Conhecia ele desde o Chelsea e é o melhor do mundo, sem discussão.



Cicatriz pelo golpe/gol vs Shakhtar Donetsk

Tive sorte de não quebrar nada e de que não fiquei com dor de cabeça. Era feio antes e sou feio agora, então está tudo bem (risos). Queria continuar no jogo porque não sabia do tamanho da ferida. Apenas vi o sangue, mas não queria deixar a equipe com dez jogadores. Por isso insisti em jogar. Mas o treinador me disse pra ir pro vestiário.


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