A dura derrota por 1-3 contra o Barcelona na final da Supercopa da Espanha, pouco surpreendente pelo péssimo desempenho apresentado pela equipe desde o retorno da Copa do Mundo, não terá repercussões segundo as mensagens transmitidas pelo clube através da imprensa nesta segunda-feira (16).
Florentino Pérez e José Ángel Sánchez (diretor geral do Real Madrid) fizeram uso de seus 'tentáculos' na imprensa para mandar um recado à torcida madridista: calma.
De acordo com José Félix Díaz, o clube mantém total confiança em Carlo Ancelotti, comissão técnica e elenco atual. Acredita-se que a má fase se deve ao desgaste físico gerado pela Copa do Mundo e acúmulo de jogos - 5 nos últimos 16 dias, sendo todos longe de Madrid, incluindo uma viagem à Arábia Saudita.
O clube se reafirma na postura de não tomar decisões drásticas no decorrer da temporada, assim como ocorreu no mesmo período da temporada passada: eliminação para o Athletic na Copa do Rei, jogo de ida lamentável contra o PSG pelas oitavas da Champions... A diretoria está 'totalmente tranquila' e acredita que o mesmo acontecerá novamente - mesmo jogando mal, o Real Madrid dará a volta por cima e continuará na disputa dos títulos que estão ao seu alcance.
José Ángel Sánchez teria destacado à comissão técnica que o elenco atual deve ser aproveitado ao máximo, bem como a promoção de jogadores do Castilla em vez de solicitar contratações - segundo o Diario AS, Ancelotti teria pedido a contratação de um atacante e um lateral, recebendo um 'não' da direção.
Entretanto, parece bastante improvável que o treinador italiano, com seu sistema de hierarquia e 'códigos de ética', dê oportunidades a jogadores da base no lugar de profissionais da equipe principal - mesmo que isso signifique minutos em campo para Hazard, Mariano, Odriozola, Vallejo, Ceballos...
Mais uma vez, o Real Madrid parece estar desperdiçando a oportunidade de promover talentos de La Fábrica. Custa acreditar que em tempos de Carvajal sendo completamente superado em todos os jogos, o melhor caminho seja escalar Odriozola (com a lesão de Lucas Vázquez) enquanto Vinícius Tobias brilha pelo Castilla. Jogadores jovens, vivendo bons momentos, com ambição para provar seu valor na equipe principal, seriam um recurso natural para se recorrer quando muitos dos jogadores já estabelecidos estão pecando não apenas em futebol, mas em intensidade.
A evidente falta de um plano de jogo contra o Barcelona (e em diveras outras ocasiões) só foi agravada pela falta de intensidade dos jogadores. Uma estatística alarmante é que durante o primeiro tempo, Camavinga foi o único meio campista merengue a vencer duelos (4). Mesmo jogando fora de posição e sem estar tão preciso, o francês foi o único que pareceu entender a importância do jogo. O resultado: substituído no intervalo, enquanto Modric - que deixaria o campo no início do segundo tempo visivelmente exausto - permaneceu em campo.
Fica claro que Camavinga tem sido o 'bode expiatório' de Ancelotti quando as coisas não correm bem. Fede Valverde, novamente, foi deslocado para a ponta-direita para manter os veteranos na escalação. O italiano parece não estar sabendo conduzir a transição no meio-campo e, incompreensivelmente, com a ausência de Tchouaméni, optou por escalar um Kroos de 33 anos como volante.
O receio do treinador em substituir os veteranos, seus 'amigos' (como ele mesmo chama), está colocando em xeque o desenvolvimento de Camavinga: escalado na posição errada, rotulado como jogador para o segundo tempo e sendo frequentemente substituído na primeira ocasião independentemente do desempenho dos outros, a tendência é vermos a confiança do francês se esvaindo.
Na próxima quinta-feira (19), o Real Madrid volta a campo para enfrentar o Villarreal (F) pelas oitavas de final da Copa do Rei. Derrotado de forma contundente em La Cerámica há pouco mais de uma semana, Ancelotti tem a oportunidade de renovar o espírito da equipe com uma classificação... Ou agravar a crise de vez.
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